Exigência da CBTU pelo retorno ao trabalho presencial durante a pandemia provocou a morte de metroviários
Um cruzamento de dados entre março e dezembro de 2020, revela que com a aplicação das resoluções internas assinadas pelo Diretor Presidente da Companhia Brasileira de Trens Urbanos, José Marques e pelo Superintendente da estatal em Pernambuco, Carlos Fernando, em que se exigia a presença de todos os funcionários afastados ou em trabalho remoto por conta da pandemia de Coronavírus, acarretou uma acentuação no número de funcionários acometidos por Covid-19, levando à morte de 11 trabalhadores na companhia aqui no estado.
As resoluções número 209 de junho de 2020 e 177 de julho do mesmo ano, regulamentam a exigência em escala nacional e local quanto aos perfis de funcionários em que não se deve aplicar a política de trabalho remoto. Obedecendo a determinação nacional, a superintendência da CBTU em Recife despachou critérios onde exclui empregados imunodeficientes, com cormobidades e com mais de 60 anos de idade de poder exercer suas funções em caráter remoto, tendo de retornar aos postos de trabalho. Isso motivou uma guerra judicial com o Sindicato dos Metroviários de Pernambuco, que teve uma liminar favorável pelo afastamento do local de trabalho destes funcionários, mas que foi cassada em outubro do ano passado.
De acordo com os números de casos de contágio e óbitos por Covid-19 registrados pela empresa, no mês de junho, no pico da pandemia, quando saiu a determinação pelo retorno, houve a confirmação de um caso e uma morte por Coronavírus, passando por uma média de 4 casos de adoecimento ao longo dos meses em que a Justiça garantiu o direito do afastamento e trabalho remoto, mas que após o fim da liminar o que se viu foi uma explosão de contágios, sendo 5 metroviários doentes em outubro, 17 em novembro e 26 em dezembro, acumulando só nesses 3 meses 4 mortos por complicações com a Covid-19.
Os números revelam que ao menos em Pernambuco, o Coronavírus vitimou de maneira fatal 11 trabalhadores do metrô, sendo que mais de 50% dessas mortes ocorreram depois das resoluções que cobraram a presença dos trabalhadores, incluindo os do grupo de risco, nos locais de trabalho.
Prioridade na vacinação
De acordo com os protocolos do Sistema Único de Saúde (SUS), contidos no Plano Nacional de Imunização (PNI), os trabalhadores do transporte público estão na faixa de prioridades para ser vacinados, porém na fase quatro. Uma política correta, vez que o transporte público de massa é um serviço que não pode sofrer descontinuidade, mas tende a ser afetado na medida em que o contingente de trabalhadores sejam vítimas do contágio por conta da operação do próprio serviço, no atendimento da população.
O Sindmetro-PE denuncia um absurdo que poderia ter sido evitado, se solidarizando com as famílias de cada metroviário e exige da CBTU a revogação dessas resoluções, diante do recrudescimento do vírus que ainda não esta sob controle, mesmo com o início do processo de vacinação no estado.