08 de Março: um dia de luta, que vale por muitas vidas
Tal como é realizado todos os anos, o registro do 8M (8 de Março) não credencia apenas uma lembrança, mas uma data de luta. A data foi escolhida para manter viva a memoria do massacre das operárias americanas que reivindicavam salários iguais aos dos operários e foram queimadas dentro de uma fábrica em Nova York em 8 de março de 1857.
Atualmente, além da violência, iniciativas como a Lei do Nascituro e o Estatuto da Família reforçam a intenção dos homens em legislar contra a autonomia da mulher, diante das conquistas e avanços no campo social e da individualidade, os machistas consolidam armadilhas legais para regular a emancipação feminina. Fica evidente a cada morte de uma mulher, a cada assédio, a cada demissão injusta sustentada pela diferença de gênero, que a emancipação das mulheres deve ser pauta constante no dia a dia de cada uma, pelo bem da individualidade e pelo equilíbrio nas relações sociais.
Contra Reformas de Temer: O impacto sobre “Elas”
Após a primeira mulher eleita presidenta do Brasil ter sido deposta por um golpe arquitetado por homens engravatados e ricos, os ataques contra a classe trabalhadora se intensificaram. A cada dia fica mais evidente que o golpe não foi contra a Dilma ou contra seu partido, mas contra o povo trabalhador, por isso o aprofundamento de medidas que interferem diretamente pelo desequilíbrio das relações de classe. É assim com o congelamento por 20 anos dos recursos para a educação, saúde e assistência social, da mesma forma na aprovação da reforma trabalhista (agora, Lei 13.467/17) e tende a ser o mesmo com a Reforma da Previdência.
O impacto desses ataques de classe contra classe fere de morte qualquer iniciativa de avanço pela igualdade nas relações de trabalho entre mulheres e homens. Ou seja, aumenta ainda mais o fosso da relação de gênero no mundo do trabalho. As mudanças na previdência social, por exemplo, deixam de levar em consideração a jornada dupla e até tripla que as mulheres enfrentam ao ter de dar conta do trabalho, da sua formação e das tarefas domesticas na maioria das vezes. Trata a diferença de gênero no tempo de contribuição para aposentadoria como um privilegio que deve ser combatido.
A pauta de combate às reformas neoliberais do Temer soma-se às tarefas feministas para este período, uma vez que significa reafirmar publicamente de que não será admitido qualquer retirada de direitos da classe trabalhadora. A luta feminista é por cidadania nas relações de gênero e é justamente esta cidadania que está sob o ataque dos machistas que assaltaram o poder central do país.
Ramis Carla, PRESENTE!
Ramis era estudante de Pedagogia na UFPE, tinha 24 anos e foi brutalmente assassinada pelo “namorado”, no final de 2017. Seu corpo foi encontrado enterrado em um terreno, próximo da casa dele e este crime revoltou toda comunidade acadêmica. Ela infelizmente foi mais uma, das mais de 70 mulheres assassinadas e enquadradas como caso de feminicídio no ano passado. Desde setembro de 2017 essas ocorrências tem recebido um registro especifico nos boletins da polícia de Pernambuco.
Porém, mais do que uma tipificação especifica de crime, há de se por fim nesta barbárie, que é o reflexo máximo do machismo. E para que isso não mais ocorra, além da punição é necessário educação dos meninos e garotos, com extensão as famílias, sustentadas em uma cultura feminista, onde seja incluído o exercício da cidadania e igualdade entre homens e mulheres. Que novos casos como o de Ramis não se repitam.
Viva o Dia Internacional das Mulheres!
Coordenação de Gênero e Raça do Sindmetro/PE